A declaração do Candombe como Patrimônio Cultural do Uruguai Nação, conjuntamente com a declaração do dia nacional do Candombe na cultura Afro uruguaia, vem promover a Equidade Racial pela Lei 18.059. No Uruguai, celebra culturalmente a perspectiva de uma sociedade sem discriminação social e racial, dedicados a reconhecer e difundir os grandes portes destas comunidades na conformação da identidade nacional e cultural do Uruguai.
Montevidéu: porto de chegada dos negros africanos escravizados
O bairro Sul encontra-se entre as ruas Ciudadela, Canelones, Ejido, Calçadão Gran Bretña e Calçadão Republica Argentina. Na metade do século XVIII, Montevidéu era a única entrada do Rio da Prata dos negros africanos escravizados. Ao final do século, estima-se que 30% da população de Montevidéu era de origem africano.
O primeiro poema e a música
Em 1930, surge o primeiro poema de Candombe. Foi publicado na língua Boçal (refere-se ao negro nascido na áfrica e que ainda não tinha adquirido a cultura europeia). Através de poemas e manifestações culturais, foi possível preservar o Candombe, que festeja os ritos da terra africana e organiza as comemorações de Tangó ou Tamos.
Alguns anos mais parte, por volta de 1943, os irmãos Silva, Wellington, Raul e João Anjo criam a musica do Candombe. Conectada com as velhas tradições afro-uruguaias, torna-se o ritmo mãe do Bairro Sul já por volta de 1956.
As nações e o bairro sul
Os elementos das nações foram agrupando-se dando origem ao que hoje chamamos “Sociedade de Negros e lubolos”. Entre elas, destacam-se “Os Pobres Negros Cubanos”, “Os escravos de Nyanza”, “Os Guerreiro da selva Africana”. Depois, vieram a “Fantasia Negra”, a “Morenada”, a “Saudades Negras”, que se integraram ao carnaval uruguaio.
O Baluarte do Bairro Sul, berço principal do Candombe, está intimamente vinculado à nação “Conventilho Meio Mundo”. Bastão do Bairro mãe, ali se tocava o tambor, se dançava e divertia-se, o povo acompanhava em desfile pelas estreitas calçadas das ruas e casas antigas.
O ritmo Mãe do Cordão
Na década de 1940, existia em Montevidéu o Conventilho Gaboto, que abrigava uma enorme quantidade de famílias. Ali moravam a família dos Pintos Alvim. O pai de tocava guitarra e o “Bandoneón” interpretando Tangos e Milongas nas reuniões e festas do Conventilho. Recebeu a visita dos tambores de corda do Cuarai e Ansina de João Anjo Silva, Julio Jimenez, os irmãos Pujol, a família Ouviedo e outros. Ao termino do toque retornaram ao Bairro Sul e Palermo. Os Irmãos Pintos aprenderam a tocar os instrumentos inicialmente reproduzindo o som dos tambores com a boca e voz em forma de capela pois não dispunham dos instrumentos para tocar. Surge então a ideia de fazer uma camadinha com dois tambores que eram de lata de óleo enormes, e um tamborzinho que emprestou-lhe um vizinho. Tinham onze anos. Quando puderam arrecadar o dinheiro para comprar tambores começam a percorrer os bairro. Tinham como toque de base o toque de Ansina, por tanto as crianças do Conventilho Gaboto criaram seu toque de Candombe baseando-se no de Ansina.
Saiam aos sábados a tocar e um dia decidiram ir ao Bairro Sul, percorrendo as ruas Ilha das flores e Gaboto. As seis crianças repartiram os tambores: dois tocavam o “repique”, dois o “piano” e dois o “Chico”. Aquiles tocava o repique e seu irmão Afonso o piano. Temiam a desaprovação da cuerda de Ansina. No entanto receberam aplausos e tiveram uma grande aceitação. Estas seis crianças foram os criadores do toque do Cordão, um dos três toques mãe do Candombe.
Os tambores de ansina e o bairro Palermo
É no começo do século XX que se inicia, pela participação de varias famílias do bairro (Gimenez, Suarez, Nazareno, Pujol, Gularte, Quiroz, Rada), a formação de grupos para executar o toque mais tradicional do candombe. Suas origens remetem ao Bairro Réus, ao sul, e mais particularmente à rua Ansina.
Os tambores de ansina são a semente cultural do Bairro Palermo, cujos ritmos compõem um dos três toques “mãe” do candombe. Um toque caracterizado pela força, velocidade, energia e “repiqueteo” coordenado de seus pianos.
Desde sua chegada à rua Ansina, os afro-uruguaios assentaram sua cultura e artes através de grandes comparsas que, através de quase um século, deram seu particular sentido de evolução rítmica, seu “Candombe Canção”.
*O texto acima foi composto a partir do material promocional do Grupo Assessor Del Candombe, que esteve recentemente em Porto Alegre para participar de atividades culturais.
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