O que as reflexões sobre Antropologia e Filosofia têm a ver com as Histórias em Quadrinhos? Na noite de ontem (11), na palestra “História em Quadrinho, Ética e Sociedade”, o Quadrinista da Marvel e DC Comics Daniel HDR; Prof. Renato Ferreira Machado, coordenador do curso de Teologia e o Doutorando do Unilasalle e Pesquisador de Arte Sequencial, Gelson Weschenfelder, mostraram que as páginas de HQs têm muito mais do que desenhos legais. A palestra contou, ainda, com a mediação da Prof. Patrícia Kayser, Diretora Adjunta de Extensão, Pós-graduação e Pesquisa. O momento encerrou a programação do Fora dos Trilhos, evento que iniciou na segunda-feira (08/06) e contou com atividades envolvendo diferentes assuntos, sob a ótica do tema transversal “Ética e Corrupção”.
Os estudantes que passaram pela Biblioteca no final da tarde desta quinta-feira foram surpreendidos por uma exposição inusitada: a Mulher Maravilha, Super Man, O Incrível Hulk, Homem de Ferro e outros tantos personagens estiveram representados na Feira de HQs e Cosplay, que aconteceu no Espaço Cultural. Este primeiro momento preparou o fôlego dos participantes para o painel “História em Quadrinho, Ética e Sociedade”.
Logo de imediato, o público já entendeu que quadrinhos não é só assunto de criança. “As Histórias em Quadrinhos são uma forma de passar o conhecimento adiante, com toda a carga cultural do momento histórico em que foi concebida”, afirmou Daniel HDR.
Segundo ele, houve tempos em que as histórias contadas neste formato sofriam grande preconceito, independente do público para o qual era voltado. Hoje começam a conquistar o espaço nas discussões e trabalhos acadêmicos, pela forma com que aborda assuntos de necessária discussão social, como afirmou Gelson. “Nos quadrinhos de Maurício de Souza nos confrontamos com discursos antropológicos e sociais do cotidiano das crianças no Brasil. Personagens rurais, como Chico Beto, que traz o contexto rural e debates sobre ecologia e meio ambiente. Aliás, lembro que as primeiras vezes que tomei conhecimento das palavras átomo, nuclear e célula foram em histórias em quadrinhos sobre super-heróis e não em livros de ciências”, explicou.
O professor Renato Machado concordou, “Há uma história cachorro Bidu, também do Maurício de Souza, que foi feita partir da visão que o animal tem do mundo, permitindo uma reflexão bastante profunda. Recentemente também foi publicada uma edição que tratava da temática reencarnação, trazendo personagem Penadinho apaixonado por ‘uma fantasma’ que reencarnaria, por isso iria abandoná-lo. Pseudo personagens infantis, mas que iniciam uma reflexão sobre a abordagem do assunto”.
Os palestrantes também falaram sobre a evolução do pensamento dos autores sobre o papel das HQs na sociedade, refletiram sobre o mercado, com seus desafios e potenciais. “As HQs refletem os anseios dos autores e dos leitores. Durante a II Guerra, havia as histórias dos X-Men, que refletiam medos como o da radioatividade. No séc. XXI surge Matrix e os conflitos acerca da evolução tecnológica. Vimos os anti-heróis assumirem o lugar dos heróis, com seus problemas humanos e reais, tentando salvar o mundo. As minorias foram trazidas à tona, representadas pelos mutantes e outros personagens que são especiais por terem suas especificidades. É um trabalho de constante observação do mundo”, encerrou Daniel HDR.
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