A população diversificada em X-men inclui a personagem afro-americana Ororo Munroe, de codinome Tempestade, filha de uma princesa africana com um fotógrafo norte americano. Ela ficou órfã muito cedo, pois seus pais morreram soterrados sob escombros de um prédio, ficando abandonada e sozinha nas ruas do Cairo, Egito. Como muitas jornadas mitológicas heroicas, a história desta X-woman, começou com uma tragédia. Apesar de sua história trágica, Tempestade consegue tomar sempre decisões corretas, pois não tem pressa alguma, e não tem a tentação de fugir da responsabilidade.
Tempestade é uma líder nata (por vários anos ela assume a liderança dos X-men), aceita a responsabilidade, é inteligente, com uma dedicação ao dever que produz uma lealdade impar, é sensível e muito poderosa. Suas habilidades mutantes incluem controle do voo e das condições climáticas, daí seu codinome, Tempestade. Ela (…) atende o chamado para novas aventuras, trocando o conhecido pelo desconhecido, enfrentando provações, aprendendo com elas e retornando para casa com uma rica sabedoria. Segundo Irwin, Tempestade deixa o isolamento e a segurança do Quênia onde é venerada como uma deusa por seus incríveis poderes, para juntar-se ao Professor Xavier nos EUA, atravessando aquele limiar e enfrentando pesadas provações, tudo em nome da justiça e do bem.
Tempestade é uma mulher bonita, com um corpo perfeito (estereótipo de mulher sob a concepção masculina), mas não está em cena só por seu tipo físico, ela é o centro de uma matriz heterossexual patriarcal e tradicional, o relacionamento clássico homem-mulher. Ela é ela mesma, e acrescenta considerável substância aos X-men.
Tempestade quebra a discriminação sobre a figura da mulher, dentro da Escola Xavier, porque lá não há diferenciação entre homens e mulheres, todos são mutantes, todos são os X-men. Maria Izilda Matos, teórica brasileira, reflete sobre esta diferenciação entre homens e mulheres: “Na realidade existem muitos gêneros, muitos “feminismos” e “masculinos”, e esforços vêm sendo feitos no sentido de se reconhecer a diferença dentro da diferença, apontando que mulher e homem não constituem simples aglomerados; elementos como cultura, classe, etnia, geração, religião e ocupação devem ser ponderados e intercruzados numa tentativa de desvendamento mais frutífera, através de pesquisas específicas que evitem tendências a generalizações e premissas preestabelecidas. Sobrevém a preocupação em desfazer noções abstratas de mulher e homem, enquanto identidades únicas, a-históricas e essencialistas, para pensar a mulher e o homem como diversidade no bojo da historicidade de suas inter-relações”.
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